ATA DA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 15.04.1993.

 


Aos quinze dias do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e três reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Segunda Sessão Solene da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira Legislativa. Às dezessete horas e sete minutos, cons­tatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a homenagear o septuagésimo aniversário do Instituto Porto Alegre (IPA), conforme Requerimento nº 54/93 (Processo nº 656/93) de autoria do Vereador Nereu D’Ávila. Compuseram a Mesa: Vereador Wilton Araújo, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Professores Jorge Fernando Farias, Diretor do Colégio, e Alba Salgado Betollo, Diretora Geral do Instituto Porto Alegre; Bispo Stanley da Silva Moraes, da Igreja Metodista; e Vereador Ne­reu D’Ávila, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, de pé, ouvirem o Hino Nacional. Após, o Senhor Presidente manifestou-se acerca da homenagem e concedeu a palavra aos Senhores Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Nereu D’Ávila, proponente e em nome das Bancadas do PDT, PPS e PFL, disse que embora com experiência de tribuna estava emocionado e feliz por pertencer a família ipaense. Lembrou do tempo de estudante do IPA e leu trecho de sua autoria constante do Livro Colunas, edição de mil novecentos e sessenta, em que exaltava essa escola. Disse que o Instituto Porto Alegre era da Igreja Metodista mas nem por isso houve imposição da religião. O Vereador Clóvis Ilgenfritz, pela Bancada do PT, teceu comentários acerca da educação do Insti­tuto de Educação, em Passo Fundo, onde Sua Excelência estudou, fazendo paralelo com o IPA. Afirmou que ambos estabelecimentos educacionais possuiam a mesma metodologia, comentando experiências. O Vereador João Dib, pela Bancada do PDS, reportou-se acerca da educação, dizendo que é uma forma de preparar a al­ma, o corpo do homem para aprimorá-lo em benefício do bem co­mum. Disse que o IPA assim o faz com seus estudantes. A Vereadora Maria do Rosário, pela Bancada do PCdoB, referiu-se sobre a educação nos últimos anos como prioridade para os políticos pela formação dos cidadãos. Falou, também, sobre o curriculo que promove o espírito crítico do indivíduo e nas modalidades esportivas nesse Estabelecimento Educacional. O Vereador Jocelin Azambuja, pela Bancada do PTB, falou sobre experiência positiva do IPA, quando houve integração do Colégio Inácio Mon­tanha participando no Volei Boll no IPA, conquistando o campeonato. Teceu comentários sobre Associação de Pais e Mestres do Instituto que muito se envolve com a comunidade porto-alegrense. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra a Profes­sora Alba Salgado Belotto que agradeceu a homenagem destinada ao IPA, comentando sobre o método pedagógico utilizado por esse estabelecimento para a educação de varias gerações. Ressaltou a filosofia dos educadores do IPA neste final de século, dizendo que não apenas reforça as estruturas, mas produz conheci­mento do saber novo, como promoção da vida. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença, no Plenário, dos ex-Reitores Washington Gutierres e José Gomes de Campos; Professor Loreno Tonin, Vice-Presidente do Conselho Diretor do IPA e da Senhora Eliane Thais Carvalho da Silva, Diretora do Primeiro e Segundo Grau do Colégio Americano. Após, o Senhor Presidente pronunciou-se sobre a importância de filosofia de trabalho, da formação dos cidadãos conscientes para a vida. Às dezoito horas e vinte e seis minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Wilton Araújo e secretariados pelo Vereador Nereu D’Ávila, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Nereu D’Ávila, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e lº Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Vamos dar início à Sessão Solene que visa a homenagear o septuagésimo aniversário do Instituto Porto Alegre. É um Requerimento do Ver. Nereu D'Ávila aprovado por unanimidade nesta Casa.

Nós convidaríamos os nossos assistentes que tomassem os assentos dos representantes do povo de Porto Alegre. A Casa fica engrandecida com a presença dos senhores.

De imediato solicitaríamos que de pé ouvíssemos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

A Câmara Municipal de Porto Alegre sente-se muito honrada com a presença de todos os senhores e as senhoras que representam uma comunidade muito importante e combativa que há 70 anos forma e informa consciências de tantas gerações.

Pediríamos que os oradores, em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, começassem a discorrer sobre este evento: o 70º Aniversário do Instituto Porto Alegre. O primeiro orador, requerente desta Sessão Solene, é o Ver. Nereu D'Ávila.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: (Menciona os componentes da Mesa.) “Uma geração vai e outra geração vem. Porém, a terra para sempre permanece. E nasce o sol e põe-se o sol e volta para o lugar donde nasceu. O ventou vai para o sul faz o seu giro para o norte. Continuamente vai girando o vento e volta fazendo o seu circuito.” Eclesiastes, 1º, 4-6.

Confesso que para mim, embora com experiência desta tribuna, embora com larga experiência de falar em público, aprendida exatamente no IPA, hoje confesso, humildemente, que estão-me baqueando as pernas, porque a emoção é bastante acentuada.

Dizia hoje pela manhã: é um dia feliz, para mim. Efetivamente estamos felizes porque nós, da família ipaense estamos reunidos para comemorar o aniversário do velho IPA. Velho no bom sentido. Velho no sentido de querido. 70 anos, quando uma pessoa conquista, ela tem ao seu redor seus filhos, seus netos, quase certo, os seus bisnetos. E ela é uma pessoa feliz por ter atingido esta idade. E tratando-se de uma instituição como o Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista, esta conquista é, seguramente, uma conquista de muitas gerações. E eu fiz parte de uma delas e me ufano de que a Câmara Municipal hoje, a Cidade de Porto Alegre, por nosso intermédio, possa homenagear uma das mais belas, queridas e tradicionais escolas do Rio Grande, que é o IPA.

E eu trouxe, do Livro Colunas, esta edição de 1960, quando eu saía do IPA, que um dos editores está presente, Professor Washington Gutierres, e esta Colunas começou em 1937, e depois desta, quando eu saí, muitas ainda se sucederam, conta a História do Colégio. Eu tenho a primeira, do meu primeiro ano de entrada no Ipa, em 1954. E hoje, ao folhear e ver a foto do menino na primeira série do Ginásio, em 1954, é, efetivamente, uma grande emoção. E eu sei que os senhores e as senhoras que estão hoje aqui comigo vibram, também, com esta emoção, porque nós, esta plêiade de ipaenses, ex-ipaenses, professores, líderes, estudantes que freqüentamos por anos aquela Escola, representamos aqui todos estes 70 anos. E eu então, em 1960, escrevia para Colunas uma síntese do que era o IPA da época;

“Colunas, tu sempre foste e és, e serás sempre a glória máxima do morro milenar, por tuas páginas desfilam já há vários lustros os nomes mais destacados da escola majestosa, elas abrigam toda a vida do IPA, a amizade e o espírito ipaense, o valor dos alunos, a sabedoria dos mestres, a pujança dos atletas, os momentos ditosos ou infelizes da vida de um ipaense, tudo enfim que pode cercar alguém que, de um modo ou outro, labute na escola majestosa.

Mil, novecentos e trinta e sete foi o ano do teu nascimento, lembras-te? Um punhado de jovens decididos se pôs em atividade, e sendo bem compreendido pelos demais conseguiu, após memorável campanha, a tua publicação.

Desde então por longos anos foste uma realidade sempre presente na vida do IPA. A simples presença do fotógrafo em assembléias e jogos já nos dava a certeza e o bem-estar de tua presença. Subiste em qualidade, e em 54, ano de minha chegada ao IPA, atingiste o clímax. Colunas, em 1954, para mim foi a melhor de todas.

Depois aconteceu o lamentável, o encarecimento do material e outros fatores imprevisíveis dificultaram a tua publicação. De nada adiantaram os melhores esforços, não te vi circulando em 55.

No ano seguinte alguém se lembrou de cuidar de tua publicação, as dificuldades continuavam crescendo, e novamente emudeceste. O espírito ipaense estava fenecendo. As melhores tradições do morro iam-se esvaindo, paulatinamente. Mas, felizmente, foi encontrada uma solução. Já que não podias circular, o Morro Milenar que era o jornal, ampliado, te substituiu.

Corria o ano de 1956, porém tua lembrança ofuscava-lhe o mérito, todos se lembravam, saudosos de ti, Colunas querida. Precisavas voltar. Os ipaenses precisavam banhar sua saudade no bálsamo de tuas páginas. Então, voltaste triunfante em 1957 para não mais pereceres.

Agora, querida Colunas, para felicidade de todos os ipaenses, tuas páginas continuarão a brilhar através da turma de 1960. E continuarás sendo a rainha incontestável das atividades Ipaenses. Nereu D'Ávila.”

Isto, em 1960.

Creio que a vida do nosso Instituto Porto Alegre, nesses 70 gloriosos anos, se divide em três fases distintas. Até 1967, 44 anos portanto, de 1923, o ano de sua fundação, o IPA foi um colégio eminentemente masculino.

Claro, no curso de contabilidade freqüentavam algumas moças, mas era exceção, não era regra. Esta foi uma fase; a partir de 1967 veio, no meu entendimento, a outra fase, ao admitir-se o sexo oposto adentrando às colunas gloriosas da nossa escola majestosa dos quatro hectares do morro milenar. É claro que a sociedade avançando, as mulheres tomando o seu espaço, não podia a escola majestosa ausentar-se também de incorporar-se às novas realidades da modernidade. E não foi somente uma conquista social, mas uma conquista de mentalidade e isso, no meu entendimento, deu e fechou o círculo da primeira fase do nosso colégio.

A segunda fase, iniciando-se com a presença já agora de ambos os sexos, encerrou-se quando o IPA ampliou o seu leque de saber para o terceiro grau, através da Escola Superior de Educação Física, e isto na década de 70. E, finalmente, na década de 80, a partir de 81, com a Faculdade de Terapia Ocupacional e a Faculdade de Ciências Médicas enfeichando o grande ciclo ipaense.

Com o advento das faculdades do terceiro grau efetivamente foi completada a terceira grande fase do IPA. Agora, colégio existem, grandes colégios existem e é evidente que aqui no nosso Rio Grande estamos diante de também uma plêiade de estabelecimentos de ensino do mais alto quilate. Sem dúvida há colégios de primeira grandeza, mesmo aqui na Capital e também no interior do Estado, de modo que falar do IPA não é apenas falar do curriculum escolar, apenas da parte pedagógica, porque ele sempre inseriu-se como um dos primeiros colégios no ranking do Rio Grande do Sul na parte pedagógica e propriamente de ensino.

Mas quando eu vim para o colégio em 1954, a fama do IPA era mais na questão do desenvolvimento da parte esportiva e davam-lhe, então, o galardão de um colégio que preparava grandes atletas, como de fato nós tivemos, até para os grandes Clubes, Grêmio, Internacional e até para São Paulo e Rio. Mas efetivamente não foi aí, no meu entendimento, também, além da parte pedagógica, a parte esportiva, a parte do desenvolvimento que enfeixava a síntese latina “mens sana in corpore sano”, ou seja, uma mente sadia num corpo sadio. Não, não é aí no meu entendimento, repito, porque naturalmente podem outras pessoas ter outras concepções, mas no meu entendimento de ipaense, convivendo com o regime de internato durante sete anos, naquela fase eu consegui incorporar aquilo que eu tenho certeza é lugar comum aqui hoje nesta sala, que foi chamado o espírito Ipaense, que não é uma frase solta, que não é uma concepção de retórica, que não é uma questão de marketing, não, é uma questão subjetiva que penetra o íntimo, a mente, inconsciente. E isto não é também o resultado de uma abstração inimaginável, de uma abstração espiritual, não, absolutamente não, esta concepção e esta situação, e aí eu diria, o “plus”, o a mais, o que transforma ou que transformou gerações e gerações que falam hoje saudosos dos tempos de IPA, exatamente não por uma parte pedagógica que aumentava os conhecimentos das pessoas, porque isto muitos também o fazem e até, talvez com melhor resultado, não o plus, a grande concepção a mais que agiganta no íntimo dos ipaenses, incorporado naquilo que nós chamamos de espírito ipaenses, está na grande concepção filosófica que o IPA instituiu e que gerações e gerações se abebedaram deste sentido.

E não foi só o soprar do vento nas noites frias da década de 50 que trouxeram ao meu íntimo esta certeza. Não foi só o vento do minuano no morro milenar, que fazia as casuarinas assobiarem à noite, aquelas noites tristes de inverno, porque eu era interno e tinha saudades da minha família, que estava longe, em Soledade. Não era isso, não. Foi exatamente porque o IPA tem uma concepção baseada na liberdade com responsabilidade com responsabilidade, hoje consagrada, não só, graças a Deus, pelo regime que vivemos no País de plena liberdade, liberdade em todos os sentidos, liberdade de imprensa, liberdade política, liberdade religiosa, liberdade em todos os âmbitos, graças a Deus, mas esta liberdade, exatamente, no IPA, ela tem um limite, uma disciplina, porque liberdade, se ela não tiver os seus cânones estabelecidos, se ela não tiver junto e paralela uma responsabilidade, esta liberdade poderá ultrapassar os limites do comum e se transformar em irresponsabilidade.

Então este é o “plus”, este é o conteúdo a mais que a escola majestosa marca com ferro aqueles que por ela passaram, e jamais, jamais, esquecerão. E isto, evidentemente, está atrelado também numa concepção religiosa, mas que não é cogente, não é férrea, não é para fazer a cabeça mergulhada na religião, absolutamente. Ela é plena, tranqüila, ela advém da Igreja Metodista. Mas eu, por exemplo, e muitos que estão aqui, entramos, ficamos, incorporamos o espírito ipaense e saímos do IPA, e jamais professamos a Igreja Metodista. Mas, sem dúvida, os princípios da reforma de Calvino na Inglaterra, estes princípios são os que moldaram a face de gerações e gerações do IPA.

Então, o homem ipaense, a mulher ipaense, que deixa o IPA, traz consignado o caráter moldado. Chega-se no colégio, com qualquer idade, e sai-se de lá moldado com a natureza deste sentimento incrustado com este lema, “liberdade com responsabilidade”. Creio que este é o grande sentimento dominante em nós todos.

O combate ao fumo, ao álcool, aos excessos, não era, nunca foi feito com virulência. Nunca foi feito com sentimento de que “não pode, não dá”. Não, foi feito com o sentimento de que “olha, há perigo nisso, cuidado com isso. Cuidado.” Ou seja, a modernidade da pedagogia incrustasse na gente, para sempre. Eu não fumo, hoje, na década de 90. Inclusive, atualmente, há legendas na televisão: “O fumo faz mal para a saúde.” Foi uma luta de muitos anos, de gerações e gerações, para aquilo sair ali. E eu estive no IPA na década de 50, de 1954 a 1960. E já naquela época, e até hoje, por força daquele espírito, nunca me proibiram de ir à sala dos fumantes. Nem era uma sala, era um local para esta finalidade. Nunca ninguém proibiu de alguém chegar lá. Os fumantes tinham a liberdade de ir lá e fumarem. Agora, os professores, eu não vou citar nomes, porque para citar um tinha que citar muitos e até acabaria me emocionando e estragando tudo. Mas um nome, me perdoem todos vocês, porque até me dei este direito. Ele teve uma importância desmedida no IPA e na minha geração. E tenho certeza que também noutras gerações. Há um ex-aluno aqui que estudou de 1937 a 1944. Foi duas vezes presidente do CPM. Construiu a piscina do IPA. Foi meu correspondente também, para minha honra, era quem estava autorizado a me retirar do colégio, quando eu era criança. Este também exalta esta pessoa. A geração dele, que foi anterior à minha, e depois de mim, que foi também a de muitos que estão aqui. Esta pessoa sinceramente, eu pronuncio com os lábios trêmulos, ela se chamou, se chama e se chamará sempre o mestre, o amigo, o grande Aslid do Amaral Gick, este foi um educador, este modelou gerações. A minha mãe me entregou para ele: “aqui está o guri, vindo lá de Soledade, Seu Aslid.” E ele soube fazer de mim um homem que hoje está aqui para homenagear o velho IPA, do qual ele foi um dos grandes baluartes, um dos grandes educadores, lamentavelmente desaparecido. Mas eu tenho certeza que nesta homenagem dos 70 anos, lá estará ele recebendo a nossa homenagem, a nossa firmeza. Desapareceu-lhe o corpo mas não desapareceu o espírito. Os ensinamentos continuarão em nós, em mim, em vocês, em nossos filhos. Por isso hoje é um dia de felicidade ipaense. Foi em fevereiro o aniversário do IPA, mas sua Direção muito bem fez em fazer diversas comemorações ao longo do ano. O IPA é tão grande, o IPA é tão forte, representado pelos músculos do indomável cavalo, a sua legenda, o seu símbolo, que ele não pode ser comemorado numa data só, ele tem que ser comemorado em muitas datas. E passaram sete décadas, 1923, início do século, olha só que passaram-se 70 anos, quantas conquistas do homem; o homem foi à lua tecnologia; bebê de proveta. E aquele colégio, que foi construído sobre a rocha e, portanto, não desabará, como diz o seu Auditório Oscar Machado, ainda muitas gerações por lá passarão.

E agora, com o terceiro grau ampliado, moderno, avançando para o futuro, eu tenho certeza, e olhando para os rostos aqui eu me asseguro disso, cada um de nós, cada um de vocês, ao seu modo ajudou a esculpir aquela escola. Não na pedra, na rocha, que foi a mão do operário. Não, ajudo a esculpir a grandeza do seu espírito, porque o IPA, hoje, tem a sua dimensão alargada dos seus quatro hectares, pela imensidade da sua grandeza espiritual, que nós todos, um punhadinho de cada um ajudamos a construir. De modo que a nossa responsabilidade é muito grande, porquê? Porque nós aqui hoje, ao comemorarmos os 70 anos, estamos representando todas as gerações a partir de 1923, e, já, estamos apenas a sete anos do fim do século e estaremos no século vinte e um . De modo que, praticamente, nós representamos o IPA do século vinte, porque o vinte e um estará chegando.

Eu concluo, agradecendo penhoradamente as presenças dos Senhores e das Senhoras aqui. Eu tenho certeza que esta homenagem é muito maior do que esta Câmara, porque ela alastra-se por todo o Rio Grande e por aqueles que saíram do rio Grande, mas que carregam dentro do peito a flâmula da Escola majestosa, porque quem lá chegou, saiu de lá mas nunca a esqueceu.

Concluiria dizendo que o nosso Hino, o Hino da Escola majestosa concluiu assim: “Nós seremos tua glória, o teu nome e tua história honraremos.” Pois, eu digo: nós não somos a glória, o IPA, o nosso querido IPA, esse, sim, é a nossa glória. Agora, sem sombra de dúvidas, nós construiremos e honraremos a tua história, velho e querido IPA. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Clóvis Ilgenfritz.

 

O SR. CLÓVIS ILGENFRITZ: (Menciona os componentes da Mesa.)

Queria dizer, logo de início, a todos os Senhores e Senhoras, que é uma honra muito grande para mim fazer este breve discurso, se assim pode ser chamado, em nome da nossa Bancada, e elogiando a atitude do nosso colega Ver. Nereu D'Ávila, em ter proposto a nós todos que, por unanimidade, aprovamos esta homenagem. Quando o nosso Líder Ver. João Verle nos chamou para perguntar se podíamos ocupar este espaço, sabíamos que hoje era o dia do Seminário da Administração Popular, que está se realizando lá num lugar onde ninguém possa nos interromper, em Belém Novo.

Todos os Vereadores e Secretários Municipais, pessoas que trabalham diretamente no Governo, estão lá discutindo, como fazem a cada mês. Eu não fui, e com muita honra fiquei para esta participação. Em segundo lugar eu queria dizer que não tive a mesma sorte de ter sido aluno do IPA, Instituto Porto Alegre, como o Ver. Nereu D'Ávila, mas tive uma grande sorte, também, de ter sido aluno, durante sete anos, na minha mocidade, na minha infância, do Instituto Educacional em Passo Fundo, e isso me emociona.

Eu disse para o Ver. João Verle que então eu faria uma saudação ao IE, porque sei que o IPA, o IE, o União, o Centenário são colégios irmãos, que tem a mesma filosofia de ensino, a mesma forma de vida interna, que foi colocada, brilhantemente, aqui, pelo Ver. Nereu D'Ávila, que me antecedeu, e que propôs esta homenagem.

Eu tinha onze anos quando fui para o IE, por isso peço licença para falar mais no IE do que no IPA. Nós éramos rivais, no bom sentido, no esporte principalmente, nas competições de oratória, em trabalhos de ciências e muitas vezes o IE ganhava. Diziam: “Esses caras de Passo Fundo, vem esses, também, de Uruguaiana, Santa Maria e tal”, porque Santa Maria era só para mulheres na época, e nós tínhamos uma turma que dava trabalho. Alguns dos nossos atletas vieram jogar aqui no Renner, no Cruzeiro e até no Grêmio e no Internacional, como foi dito, mas primeiro tiveram que passar pelo IPA.

Quando meu irmão mais velho tinha onze anos, o Rubem, não havia escola na nossa Cidade que é Ijuí, e o meu pai dizia: “Meus filhos, tenho que dar um jeito e vocês vão para o ginásio, queremos que vocês estudem, tem um colégio de padres em Cruz Alta, que é perto, tem outro dos irmãos maristas em Passo Fundo...” pegou o carro e saiu com meu irmão. Meu pai sempre foi um democrata no sentido que a gente admira. Chegando a Cruz Alta meu irmão disse a meu pai que não era bem aquilo que ele queria. Foram, então, a Passo Fundo direto no colégio católico. Seria um horror estudar num colégio metodista. O padre Pio, que Deus o tenha, uma pessoa maravilhosa, já falecido, excomungaria meus pais, o pai era Prefeito de Ijuí. Como é que o Prefeito vai mandar os filhos católicos para um colégio metodista? Mas em Passo Fundo meu irmão falou a meu pai que existia um colégio que ele queria conhecer. Ao chegar ao colégio dos irmãos Maristas o meu pai ficou falando com o Irmão Diretor durante um bom tempo e o Rubem sentadinho ali do lado, uma criança, aí meu irmão sugeriu irem em outro. Chegando lá, quem recebeu foi o professor Kneipp que era o diretor do Internato. Aí, o Sr. Kneipp, a D. Cecília perguntaram: “Tu queres estudar aqui?” “Sim, quero.” Começaram a conversar e meu pai ficou no banco esperando, maravilhado. Depois de algum tempo, perguntou: “E então, meu filho, o que tu achas?” “Pai, eu quero ficar aqui.” E foi uma escolha sábia. Meu pai ainda tentou: “Meu filho, mas tu podes ir para o IPA, em Porto Alegre, lá temos parentes, a avó de vocês mora lá e é mais fácil.” “Não, eu quero aqui”. No ano seguinte, fui também.

Para mim, ela foi uma escola maravilhosa. É uma escola de vida, de democracia, de liberdade, de responsabilizações. Não era tida como a melhor escola do Estado para fins de vestibular, mas era muito boa. Nós não queríamos sair porque era uma escola completa e tínhamos liberdade. Seu Kneipp nos acordava domingo de manhã cedo: “Os seus pais gostariam que vocês fossem à missa.” Era uma festa, pois íamos à missa e ficávamos até o meio-dia na rua. Voltávamos e ele dizia: “De noite, se quiserem, podem ir conosco ao culto. “Toda a gurizada ia para o culto, pois depois, ficavam todos na Praça da República, em Passo Fundo.

Estou contando isso, porque eu acho que a formação da pessoa se dá nesse tipo de coisa: não se trata de passar conhecimento, embutir informações nas cabeças das pessoas, mas fazer com que elas saibam buscar esse conhecimento.

E ontem, eu estive em uma excelente discussão: um seminário sobre Construtivismo. A Ver.ª Maria do Rosário estava lá e outros Vereadores. Eu digo que não sei se era, exatamente essa a intenção, na época, mas eu fui educado de uma certa forma construtiva. E aí um dos palestrantes disse uma coisa: existe hoje um princípio fundamental na educação, “o princípio da análise permanente da realidade, da prática.” Esta troca entre o conhecimento e a análise da prática, do estabelecimento do conhecer, foi fundamental para nós. Nós tínhamos várias formas de aprender que não eram exatamente aquelas tradicionais das escolas da época. E o IPA, tenho certeza, assim como o IE, tinha este sistema de criar oportunidade para a gente existir. E eu acho que isto foi muito bom para nós, para mim, para o meu irmão e fiquei de 1951 a 1957.

Foi, então, no IE que me inspirei para vir aqui hoje falar sobre o IPA, perdoem se não falo tanto sobre o IPA, mas quero dizer também que sobrinhos, filhos de irmãos meus, primos, parentes estudaram no Americano, estudam no IPA em função desta nossa influência e são pessoas que têm uma ligação muito grande com o IPA ou com o Americano.

Para terminar eu queria citar, também, se me permitem, o nome de um professor que depois foi para os Estados Unidos, de volta, Prof. Wilian Richard Schisler que deve ser conhecido da Dona Francis; o Professor, Reverendo Betz e tantos outros. Não esqueço nenhum. Dizer que quando estudante de arquitetura, desenvolvi muito, por ter esta formação, uma acuidade política de participação na entidade acadêmica, depois na entidade sindical da categoria. Acabei sendo Vereador.

E vim aqui, em nome do meu partido fazer uma homenagem que acho muito justa e que deveria se repetir sempre. Como lá no IE fazíamos a festa do Dia das Mães que era a coisa mais linda, porque ficávamos nos preparando todo o tempo para receber o pai e a mãe. Não só pela festa, mas porque traziam junto uma porção de coisas boas para nós. Era isto. Um abraço a todos. (Palmas.)

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: É com muito orgulho que registramos as presenças do Ex-Reitor Washington Guterres; Ex-Reitor Prof. José Gomes de Campos; Prof. Loreno Leonel Tollin, Vice-presidente do Conselho Diretor do IPA; da Diretoria de 1º e 2º Grau do Colégio Americano, Prof. Eliane Thaís Carvalho da Silva.

Representando a Casa e o PDS falará o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: (Menciona os componentes da Mesa.) Não fui aluno do IPA; fui aluno do Ginásio do Carmo e depois do Júlio de Castilhos aqui em Porto Alegre. Mas bem que eu gostaria de ter sido aluno do IPA lá no Morro Milenar. E devo também dizer que o nome “Morro Milenar” eu aprendi hoje, não sabia que assim se chamava. Mas eu apreciava aquele lugar, achava muito bonito e também gostava daqueles colegas meus que vieram do Ginásio do Carmo e estudaram no IPA.

O tempo a gente conta de formas muito diferentes. Quando contamos a vida de um homem e ele chega aos 70 anos, dizemos que ele chegou na terceira idade ainda que ele tenha sido inteligente, acumulado juventude usando a sua experiência, ele continua na terceira idade. Mas a entidade, a escola, quando chega nos 70 anos, é jovem, mais forte, mais pujante, mais experiente, tem possibilidade de realizar mais ainda. As entidades contam os anos de forma diferente. E quando se fala em escola se pensa logo em educação, não poderia se pensar em outra coisa.

Tenho para mim que educação é uma forma de ensinar a alma, de prepará-la. A educação não é apenas esta forma, mas também uma forma de preparar o corpo. Mas, a educação sobretudo é a forma de preparar o homem. E corpo e alma constituem uma unidade que deve ser preservada e aprimorada, este é o homem de que precisamos. Vivemos um momento extremamente difícil em todo o mundo, não é só no Brasil, não é só em Porto Alegre, porque há carência de homens. As nossas escolas por mais que se esforcem, não conseguem transmitir para os jovens, para os que estudam a responsabilidade, a seriedade e o compromisso que eles têm com o amanhã. Lastimavelmente os homens parecem que esqueceram da educação e usam as posições que ocupam, não em benefício da coletividade, não para realização do bem comum, mas para cuidarem de si mesmos, para cuidarem de seus amigos e de seus apaniguados. E é por isto que quando uma Escola como o IPA, que completa seus 70 anos de maravilhosos trabalhos para toda coletividade Porto Alegrense e suas Associadas como IE, onde meu irmão estudou lá em Passo Fundo, também completam 70 anos, a sociedade tem que render homenagem, a sociedade tem que pedir a Deus que continue dando força a estes professores que são as pessoas mais importantes do mundo, para que consigam transmitir aquilo que eles têm na mente, na alma, aquilo que os faz realmente homens. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Falará pela Casa e pela Bancada do Partido Comunista do Brasil a Verª Maria do Rosário.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: (Menciona os componentes da Mesa.) É bem difícil ocupar a tribuna e fazer uma homenagem ao Instituto Porto Alegre depois das Intervenções dos meus colegas Vereadores, que falaram da sua vida enquanto estudantes nas Instituições de ensino do IPA e do IE de Passo Fundo. E falaram com o coração, porque certamente as nossas experiências como alunos marcam profundamente e aí talvez se encontre a principal responsabilidade nossa enquanto educadores numa trajetória que tem que ser de reflexão permanente, um exercício permanente de respeito.

Eu preparei aqui algumas palavras que falam como a educação, nos últimos anos, tem sido citada nos programas dos Partidos, nos programas eleitorais de todos os candidatos como prioridade, e que a educação talvez seja uma das palavras mais faladas entre nós nas campanhas, nas manifestações, como um direito da população que estamos sempre buscando e que, infelizmente, apesar de ser prioridade em tantos discursos, não tem sido na vida. Que tipo de educação nós buscamos? O que é a qualidade de educação? Quem faz, quem recebe educação, quem não tem educação e precisa ter? Essa indagação são verdadeiramente sérias e são discutidas em encontros, são discutidas por nós aqui, na Câmara, são discutidas nas escolas de formação pedagógica, e são discutidas por todos aqueles nas ruas, em todos os lugares.

O que nos traz aqui é uma homenagem a um instituto de educação, um instituto que promove a atividade educativa, o Instituto Porto Alegre, com 70 anos de uma trajetória voltada à educação. Essa escola tem se caracterizado por desenvolver um currículo que promove o espírito crítico e que instrumentaliza para a descoberta, possibilitando a interdisciplinaridade, questão fundamental do desenvolvimento mais amplo do indivíduo.

Destacamos, inclusive, o papel importante que a escola tem tido no desenvolvimento das diversas modalidades esportivas, inclusive na representação que a nossa Cidade tem tido nesse setor. Muitas gerações têm passado pelo Instituto Porto Alegre. Além disso, é importante destacar que, para nós que buscamos uma organização escolar, onde o pedagógico seja o essencial e definidor dos modos administrativos, o Instituto Porto Alegre tem-se caracterizado como uma escola, como uma instituição que serve de exemplo, de modelo, de pesquisa para os educadores do nosso Município, comprometidos com a transformação social, comprometidos com entender a sociedade nas suas organizações, no sentido de propor a ela modificações profundas de resgate da cidadania.

O Instituto, tem buscado, do nosso ponto de vista, e é importante que prossiga nesta caminhada, propiciar aos educandos o desenvolvimento do espírito crítico e levar as condições de autonomia para a tomada de decisões e construção da sua participação como cidadãos efetivos. Para que nós tenhamos um futuro que, espero, seja melhor do que o presente que nós temos hoje, e não muito longe também, de um País com menos desigualdades sociais e de boas oportunidades a todas as camadas da população. É muito importante saudar hoje os 70 anos do Instituto Porto Alegre e dizer que somos companheiras nesta caminhada de uma educação democrática e voltada aos interesses nacionais e populares. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, em nome da Casa, o representante do Partido Trabalhista Brasileiro,Ver. Jocelin Azambuja.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Membros da Mesa Srs. Convidados, Exmos. Srs. Vereadores, meu nobre Ver. Nereu D'Ávila, autor da proposição desta Sessão Solene da nossa Câmara de Vereadores, nós nos sentimos muito felizes de estarmos aqui neste momento e prestar esta homenagem ao Instituto Porto Alegre, pelos seus 70 anos de vida, de integração com a nossa comunidade e participação efetiva na história de educação em Porto Alegre, e até porque temos alguns laços de relação antiga com ex-Diretor, Prof. Washington, Prof. Aslidio, por laços de família, da minha esposa e cunhado que foram alunos do IPA e do Americano e que conviveram por longos anos nessa Instituição que lhes deu uma excelente formação. Eu só posso me sentir satisfeito que eles tenham tido esta oportunidade.

Mas tenho uma experiência muito positiva da integração do IPA com a educação de Porto Alegre, nos idos de 1965, 1967, nesse período em que, numa integração muito positiva, eu presidia o Grêmio Estudantil Ignácio Montanha, aqui na João Pessoa e naquela oportunidade se realizou o Dia do Voleibol, lá nas quadras do IPA e o Ignácio Montanha, com o apoio do Grêmio Estudantil, foi a escola campeã no masculino e vice-campeã no feminino, no primeiro dia do voleibol. Uma escola pública, integrada com uma escola particular, dentro de um processo que era extremamente positivo. Lembro que, nos finais de tarde, nós saíamos para jogar com as nossas equipes e fazíamos jogos com as meninas do Americano e com os rapazes do IPA, e fazíamos a integração dos Grêmios Estudantis das três Escolas, e, também eles iam para o Colégio Ignácio Montanha e jogavam. Existia uma relação estreita e positiva entre a nossa escola pública e a escola privada.

Parece que, ao longo dos anos, as coisas foram se modificando neste País, os governos têm tratado da educação de forma muito irresponsável, na nossa maneira de ver. Ao longo desses períodos, criaram-se barreiras nas relações entre a escola pública e a escola privada. Nós acreditamos que cada uma tem um papel importante dentro da história da educação, necessário e fundamental: a liberdade de ensino, de aprendizagem e de convicção religiosa, que são importantes nas relações de sociedade e que inspiram as instituições particulares e suas mantenedoras. Elas são importantes nesse processo de integração da sociedade, na relação positiva que deve existir.

Acho que, com o ressurgimento que está havendo dos movimentos estudantis, da mobilização dos estudantes, pouco a pouco, se consiga, novamente fazer aquilo que, talvez na década de sessenta se fazia, mesmo num momento difícil da vida brasileira, foram os restos dos movimentos estudantis que ficaram daquela época, mas ainda se mantinha uma relação muito estreita e positiva. Não devem existir barreiras nas relações sociais, nas relações educacionais, fundamentalmente, entre escola pública e escola privada. Jamais, pelo contrário, a integração deve ser permanente.

Na Associação de Círculo de Pais e Mestres do Rio Grande do Sul, que eu tive oportunidade de fundar, contei, no início da entidade com o apoio dos colegas da Associação de Pais e Mestres do IPA, e tivemos uma participação positiva, nos ajudaram também, juntamente com as direções da escola que lá passaram, sempre se colocaram à disposição da entidade, posteriormente dividimos as duas federações: a Federação do Círculo de Pais e Mestres das Escolas Públicas, da Federação das Escolas Particulares - FEDERAPARS, hoje bem dirigidas por colegas que têm trabalhado positivamente pela educação, mas buscando fazer com que haja, efetivamente, a integração.

O IPA está muito envolvido com a história de Porto Alegre, com as relações de educação, e com as relações comunitárias. Sei que o espírito que sempre envolveu o Instituto Porto Alegre foi este, desta verdadeira integração, de um crescimento para seus alunos, para todos aqueles que se envolvem com o IPA, e sei do profundo amor que pais, que alunos, professores têm a esta instituição. E vejo sempre as galerias dos ex-alunos, dos ex-professores, e as pessoas sempre envolvidas e querendo estar lá no IPA, por esta relação marcante com a sociedade, mas com este outro aspecto, nunca esquecido desta relação, o compromisso com o todo da sociedade, o compromisso com esta integração permanente que deve existir entre os futuros cidadãos, porque a essência, o objetivo fundamental está concebido em fazer com que a educação realmente avance dentro de Porto Alegre. Tem que avançar sem barreiras, nesta luta permanente, por isso que nós, do Partido Trabalhista Brasileiro, fizemos questão de vir aqui, chegamos meio atrasados a esta cerimônia, pedimos desculpas, mas há um temporal em Porto Alegre, neste momento, e nós realmente tínhamos vontade de vir aqui, prestar esta homenagem, que achamos que uma das homenagens mais bem merecidas que as instituições de ensino privado podem ter em Porto Alegre, que é o exemplo do Instituto Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em nome do Instituto Porto Alegre, temos a honra de conceder a palavra à Professora Alba Salgado Belotto.

 

A SRA. ALBA SALGADO BELOTTO: (Menciona os componentes da Mesa.) É com muita honra e com muita humildade que venho agradecer a homenagem desta Casa ao IPA, na comemoração do seu 70º aniversário.

Com muita honra ipaense pela importância da homenagem proposta pelo ilustre Vereador Nereu D'Ávila; com humildade porque esta ocasião deve ser compartilhada com toda a comunidade ipaense que hoje está em festa, e também em respeito à memória de todos os que, passando pela vida do IPA, nestes 70 anos, deixaram suas marcas e aprenderam e ensinaram a viver a liberdade com responsabilidade.

O IPA, inicialmente chamado Porto Alegre College, foi fundado em 15 de fevereiro de 1923, pelo Bispo John Moore, designado pela Igreja Metodista dos Estados Unidos da América para servir no Brasil e providenciar a construção de Escolas e de Igrejas.

Aqui em Porto Alegre, o Bispo Moore escolheu como local para o IPA o que ele chamou “o glorioso topo de um monte” que hoje figura no hino do IPA como “morro milenar”.

No Brasil as Igrejas Metodistas e as Escolas chegaram juntas, a partir do final do século passado.

O Instituto Porto Alegre conta hoje com duas unidades de Ensino: o Colégio IPA e a Faculdade de Ciências da Saúde, com os cursos de Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Educação Física.

Fazemos parte das 60 instituições de ensino instituídas pela Igreja Metodista, onde estudam mais de 60.000 alunos.

1.Método de Ensino: primeiro

Segundo o Dr. Peri Mesquida “Se o plano dos cursos e das matérias ensinadas constituíam elementos importantes da prática educativa dos colégios pioneiros, o método pedagógico utilizado foi um elemento importante do seu sucesso. As instituições metodistas segundo Pestalozzi e Froebal, colocando ênfase na observação e na experiência, superam rapidamente as escolas públicas e privadas, onde a aprendizagem se fazia pela leitura em voz alta e pela memorização. O atletismo, o esporte, a ginástica eram considerados parte da “missão,” pois “o corpo é morada do Espírito”.

IPA, instituído pela Igreja Metodista viveu para o seu tempo. Sua proposta era clara, para uma nova sociedade. Visava reforçar o processo de modernização econômica e social. Valorizava o desenvolvimento individual. Acatou mais tarde a educação mista, a cultura livresca, o uso de laboratórios, visando a transformação e a modernização da sociedade. Viveu o seu tempo, inspirado nos ideais democráticos e liberais, sobreviveu a várias mudanças de governos, atravessou crises internas e externas e enfrentou conflitos mundiais. Serviu as elites.

Hoje o IPA vive o seu tempo. Continuamos servindo as elites, mas temos a clareza que os modelos liberais já não servem mais. Estamos comprometidos com a tarefa coletiva da busca de uma sociedade mais justa, e do resgate da cidadania.

“A injustiça da universidade não reside no fato de que nela só entram filhos de ricos - isto á injustiça social.” A injustiça da universidade está em aqueles que dela saem, trabalham apenas para os ricos, em decorrência da estrutura, do currículo e dos métodos de trabalho.

Formar e ser elite intelectual não é mau, é obrigação.

Errado é só servir a elite econômica e social. “Cristovam Buarque”. Na fronteira do futuro - UNB* 1991.

2. A filosofia educacional Metodista

A Igreja Metodista tem documentos oficiais que traduzem a sua filosofia educacional, à luz da cultura e da realidade social, política e econômica do Brasil.

A Igreja entende a educação como “processo que oferece formação melhor qualificada nas suas diversas fases, possibilitando às pessoas o desenvolvimento de uma consciência crítica e seu comprometimento com a sociedade, segundo a missão de Jesus Cristo”.

A preocupação da educação do IPA é não apenas oferecer o ensino formal para a preparação para o mercado de trabalho, mas a formação da pessoa, a construção da cidadania, como patrimônio da sociedade civil, a promoção da vida.

Busca-se através da prática e superação do conflito de conviver com as regras do capitalismo e do mercado para sobreviver e, ao mesmo tempo participar na construção de uma sociedade justa e solidária.

3.Desafios

Muitos são os desafios que estão diante de nós, educadores do IPA neste final de século. Não acreditamos que a educação exerce papel transformador. Na maioria das vezes ela responde apenas às solicitações da sociedade e tende a reproduzir, reforçar e justificar as estruturas e adaptar as pessoas a elas.

A qualidade de ensino e a competência são fundamentais para que o IPA não seja uma simples escola reprodutora do sistema vigente, das leis do mercado, mas para que possa produzir conhecimento, recriar a ciência, produzir saber novo com alegria da busca do saber novo, para a promoção da vida.

O IPA agradece esta homenagem reafirmando que a sua proposta educacional tem que se refletir na alegria de aprender, na qualidade do aluno e dos profissionais que forma, com capacidade técnica e política para entrar no mercado de trabalho e contribuir para a transformação da realidade, a promoção da vida e da cidadania e a participação na criação de uma sociedade justa, solidária e fraterna.

 

(Revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h26min.)

 

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